O músico porto alegrense Leandro Batista Lima, ou Le Batilli, iniciou sua carreira como a maioria dos músicos brasileiros; um garoto morador de bairro da periferia de uma capital de estado que adora música e decide tocar e cantar pra valer. Até aí tudo normal, mas Le não é um artista comum; suas músicas misturam ritmos e cores, batidas e sotaques, grooves e poesias. Das primeiras bandas de rock, passando pelo samba, pop, pagode e psicodelia mpb, o músico adquiriu sua própria sonoridade, sua própria poesia. Por volta de 2012, porém, a descoberta de um linfoma na coluna vertebral fez as coisas mudarem. De lá pra cá Le foi perdendo o movimento das pernas e se tornou cadeirante, algo me não impediu sua determinação de seguir a carreira de músico, e tampouco, sua alegria pela vida! Em 2014 Le foi ao Estudio “Audio Farm” para gravar o disco “Retalhos”, sob a tutela de Matheus Borges, disco que foi lançado três anos após o inicio das gravações, com canções mostram uma pluralidade de influencias musicais, que variam do rock ao samba e baião, Engenheiros do Hawaii e Zé Ramalho são nomes fortes que podem ser citados como influencias nas suas composições. Em 2017 a banda participou de eventos como a “Serenata iluminada”, “Piquenique no museu”, e do Programa Radar na TVE para divulgar o lançamento do disco “Retalhos”, mas o ápice das apresentações foi quando tocaram no “Festival Rock Gaucho Edição Independência”, idealizado por Nei Van Soria e realizado no Auditório Araujo Vianna, em Porto Alegre, onde dividiu o palco com grandes nomes da música gaúcha. No ano de 2018, a banda já nos primeiros meses participou da gravação do disco “Coletivo Poa Rock”, gravando duas musicas inéditas neste álbum que ainda esta em fase de produção. Ainda em julho do ano passado a banda, agora se chamando Le Batilli e Os Elementais voltou ao Auditório Araujo Vianna para participar do “Festival Poa Rock 2018” onde tocaram as duas músicas gravadas no CD do festival e mais “Amigo Punk” ao lado de Frank Jorge (Graforréia Xilarmonica). A banda atualmente é formada por Le Batilli (voz, violões e ukelele), Guilherme Valls (Guitarra), André Reche (Piano, Teclados), Rodrigo Lemos ( Bateria, Percussão), Denner Euzébio (Guitarra, violão, voz) e Paulo Guimarães (Baixo, voz).
Nessa conversa com o músico com o músico da para conhecer um pouco mais da alma de Le Batilli.
MMM – Então Leandro, trace um paralelo do que mudou, entre aquele garoto adolescente apaixonado por música que tocava grunge nas escolas na zona sul de Porto Alegre, para o músico plural de hoje, sem fronteiras de estilos, com coragem para experimentar e extremamente autoral?
Le Batilli – Lá na Tinga (Bairro Restinga – zona sul de Porto Alegre) onde me criei, existe uma pluralidade de estilos musicais por se tratar de um bairro de efervescência cultural. Em casa, minha mãe ouvia o grupo ABBA e muito sertanejo, meu pai música tradicional gaúcha, no caminho do colégio eu parava para ouvir os sambas e pagodes que tocava na casa do pessoal do extinto ”Pagode do Dorinho”, já no colégio com os amigos a unanimidade era a visceralidade do trio fodástico intitulado Nirvana. Com o tempo eu descobri um artista que mudaria minha forma de querer tocar e escrever; as letras psicodelicamente poéticas e intimistas do guru Zé Ramalho me fizeram pirar na possibilidade de ”esmiuçar” meu ser de forma tão forte ao ponto da poesia se fazer quase que por vontade própria, me usando como ferramenta. E que assim seja, amém!
MMM – Um evento importante na sua carreira foi, sem dúvida, a participação no Festival Rock Gaúcho – Edição Independência. Como foi para você tocar ali, ao lado de músicos consagrados como Nei Van Soria, Humberto Gessinger e Duca Leindecker, e quais portas se abriram depois dessa participação?
Le Batilli – Tocar no Araújo Vianna era um sonho de guri que eu tinha. Quando vi meu nome no site oficial do festival, fiquei faceiro que nem pinto no lixo! Meu nome estava confirmado para tocar no mesmo dia que o Humberto. Quando chegamos lá no Araújo, eu e minha banda, quase nem acreditávamos, foi fantástico. Tinha chegado a hora de tocar para um Araújo Vianna cheio e no final ver o pessoal batendo palma de pé foi gratificante. O festival nos botou na cena da música de Porto Alegre. Depois disso, uma galera que sou fã me dava parabéns pelo trabalho, e convites para tocar foram surgindo aos poucos. Estamos na luta com mais gás !!!!!
MMM – Hoje sua banda é a Le Batilli e os Elementais. Como é a sinergia entre você e os outros integrantes da banda?
Le Batilli – Tento levar a banda da forma mais participativa possível. Todos dão ideias e contribuem com seu talento. Nossos ensaios são uma mistura de bagunça com momentos sérios de reflexão, e momentos viscerais de tocar, arranjar, revisar e tocar novamente.
MMM – Quais os maiores desafios que você enfrenta hoje para conseguir seguir na carreira artística e o que você entende como acessibilidade para um músico com necessidades especiais?
Le Batilli – Fazer música em um país que não incentiva de forma efetiva a cultura é uma mistura de raça e amor, com preocupações e gastos. Tudo é caro, um instrumento bom para fazer um som de qualidade para mim e para o público custa horrores e quase sempre esse investimento não volta, por conta de não haver público suficiente que entenda que esse é o trabalho do músico! E se a pessoa não dá bola para isso, acha que é uma bobagem, acha que os instrumentos são dados por algum duende místico… eu pergunto para elas; imaginem um mundo sem música?! Vamos pegar o povo todo da arte e ir morar numa ilha sabe, deixar esse povo sem cultura se chatear sozinhos. Desde que fiquei cadeirante, percebi que ficaria mais difícil de conseguir lugares para tocar, pois se o local não tiver acessibilidade é provável que eu nem consiga entrar no ambiente (como já aconteceu), e toda hora ser carregado que nem um pai de santo não é nada legal.
MMM – Nas suas composições sempre tão contemplativas e introspectivas, como você trabalha essas ideias? Qual vertente te alimenta para compor?
Le Batilli – Eu costumo escrever a partir da perspectiva interna de me entender como parte de tudo e de todos, aceitando minhas dores e alegrias com toda a sinceridade. Vejo que tenho uma música com o propósito que busco, que é o de fazer o ouvinte a se reconectar (consigo mesmo). u alguém me diz que se viu na minha canção, isso é gratificante, é a recompensa.
MMM – Para finalizar, nos fale aí sobre as possibilidades para esse ano que à recém iniciou; quais seus planos, novo álbum, projetos, apresentações, enfim.
Le Batilli – Tenho ficado muito feliz com o interesse de algumas pessoas do ramo da música que tem me procurado, mas quero fazer tudo na calma, porque sou muito afoito e isso costuma me prejudicar. O Mateus Borges do Estúdio Áudio Farm e eu estamos trabalhando nas minhas composições novas para em breve lançar um single. Estou muito empolgado para entrar em estúdio, eu adoro criar.
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