A música folk presa a tradição de raiz. Não abre mão do uso de algum instrumento acústico e traz nas letras desde a pureza das emoções do coração até a crítica política mais ácida.
Resgatada no início dos anos 60 (sim, por que sua origem remonta as canções camponesas do século IX), e tendo seu auge com a poesia musical de Bob Dylan, a folk music vem sofrendo transformações ao longo do tempo, assim como outros gêneros musicais. Mas nada se compara com as mudanças da última década!
Ganhando ares por vezes de glamour e modernizada pela onda new wave de Laura Marling até os consagrados Mumford & Sons, o som folk se vê agora vocalizado por artistas que não tem receios de se aventurar por novos caminhos, absorvendo influências diversas da música clássica, rock clássico, blues, jazz e até mesmo do folclore nórdico.
Para ilustrar essa mudança, apontamos o trabalho refinado de seis talentosos artistas que você não pode deixar de ouvir.
Julia Holter
A californiana Julia Holter frequentou em Los Angeles a Academia de Música Alexander Hamilton High, onde estudou composição e se formou, antes de colaborar com vários artistas e gravar seu primeiro disco. Em 2011 lançou Tragedy, álbum que recebeu críticas muito positivas e foi nomesdo um dos melhores daquele ano nos Estados Unidos. O álbum debut atraiu comparações com obras de Laurie Anderson, Kate Bush e Julianna Barwick, hó!
De lá para cá se seguiram Ekistasis (2012), Loud City Song (2013) e Have You In My Wilderness, sendo este último recebido pela crítica com absurda admiração, sendo citado como “obra-prima”.
Ela passou pelo Brasil em outubro deste ano, com suas letras são enigmáticas, tocadas em baladas intimistas e elegantes. Em suas influências; Patti Smith, Joni Mitchell e Alice Coltrane.
Ryley Walker
O cantor americano do Ilinóis é também guitarrista e compositor. Começou sua carreira na cena independente de Chicago. Lançou seu disco de estreia em 2014, All Kinds Of You, seguido de Primrose Green em 2015, e no mesmo ano Land of Plant. Neste ano, foi a vez de Golden Sings That Have Been Sung, apontado pelo jornal “The Guardian” um dos melhores álbuns do ano.
Grande instrumentista com apenas 26 anos, Ryley Walker tem na sua banda de apoio jazzistas clássicos, que nas apresentações ao vivo transformam as composições em improvisações espontâneas incríveis.
Influencias? O indie-rock da década de 90 e no folk-rock inglês dos anos 70.
Mitski
Nascida no Japão em 1990, Mitski morou com sua família na República do Congo, Malásia, China e Turquia, entre outros, antes de se fixar em Nova York. Esse caldeirão de influências sensoriais serviu de base para a criação e seu primeiro e segundo álbuns, Lush, em 2012 e Retired From Sad New Carrer In Business em 2013, enquanto ainda estudava na SUNY Purchase Conservatory of Music.
O terceiro disco Bury Me At Makeout Creek (2014) ganhou aclamação da crítica pela “Rolling Stones”, “The New York Times” e “Pitchfork”.
Mas foi em seu último trabalho intitulado Pubert 2 lançado neste ano que a cantora derramou toda sua sensibilidade numa mistura de folk-punk e indie-rock, com pinceladas de pop anos 1970 e surf music, em letras afiadas e icônicas, sempre muito articulas. Um álbum com excelente aproveitamento vocal, guiado pelo terreno emocional que ela entrega ao ouvinte mais atento.
Angel Olsen
Talvez a mais conhecida desta lista, Angel Olsen é uma norte americana de 29 anos, compositora, guitarrista e cantora de Saint Louis, no Missouri.
Influências da criação, aprendeu cedo a tocar piano e compor por conta própria, excursionou e gravou como cantora de apoio para Bonnie Prince Billy and the Gang Cairo no início da carreira, além de colaborar com Tim Kinsella, LeRoy Bachs do Wilco e Cass Maccombs.
Rotulada por alguns como “a garota sombria que toca violão”, imagem criada em parte por ela própria depois de dois álbuns recheados de canções belíssimas, porém melancólicas, propõe agora uma nova percepção com o lançamento de My Woman, em setembro passado. O disco apresenta ainda canções longas e um pouco tristes, mas também apresenta uma nova energia. Este novo trabalho trás influencias marcantes do rock dos anos 1960, mesclando com uma levada pop à lá Fleetwood Mac, mostrando que Angel tem talento para levar sua sonoridade para onde desejar.
The Lumineers
Agora a banda americana de folk rock de Denver no Colorado, que está na estrada desde 2005 e já realizou mais de 400 shows. Seu primeiro disco, homônimo, foi lançado apenas em 2012 após assinarem com o selo Dualtone Records e excursionarem por todos os Estados Unidos e pelo Canadá. The Lumineers ficou entre os dez mais vendidos no Canadá, Reino Unido e Estados Unidos naquele ano.
Em 2013 saiu a primeira turnê mundial, onde apresentaram seu primeiro disco, alguns covers e a música Gale Song da saga dos filmes Jogos Vorazes: Em Chamas.
Seu segundo álbum Cleópatra foi lançado em 2016 estreou bem nas paradas britânicas, onde recebeu críticas positivas, de um som que ainda está em amadurecimento e transformação.
Of Monsters And Man
Grupo de folk e indie rock islandês formado em 2010 que ganhou sucesso internacional após vencer uma batalha de bandas Músiktilraunir que acontece anualmente na Islândia. Com seu álbum de estréia de 2012, My Head Is An Animal (Record Records), atingiram o primeiro lugar nas paradas australianas, islandesas e irlandesas, além de emplacar um terceiro lugar nas categorias rock e sons alternativos no Reino Unido e sexto nos Estados Unidos. Este trabalho foi a base para uma longa turnê que durou dezoito meses.
Em 2013 o OMAM, como ocasionalmente é abreviado, esteve no Brasil participando do festivel Lollapalooza. Neste mesmo ano lançaram a música Silhouettes, que também fez parte do filme Jogos Vorazes: Em Chamas, seguida pelo EP Live From Vatnagar∂ar, gravado exclusivamento para o i Tunes. Ainda em 2013 receberam o European Border Breakers Awards.
Após um pequeno hiato, em 2014 a banda iniciou as gravações de seu último trabalho, intitulado Beneath The Skin, que foi lançado em junho de 2015.